Estava, finalmente, velha. Seu coração arrefeceu as dores e pôde, passados séculos dar-lhe a mansidão que só o cansaço é capaz. Envelhecer é sentir dores. E ela as sentia, todos os dias. nas costas, joelhos, pescoço, nos olhos.
Acordava na justa hora, 4: 45 da manhã, minutos antes do sol nascer. Prostrava-se, pálida, na calçada com um casaquinha rosa-bebê (é sempre bom proteger os pulmões do ar frio) e seus chinelos velhos, confortáveis. Esperava.
Em silêncio, com uma boca débil e dedos trêmulos sentia sol arder lenta e progressivamente. Sem piedade, tomando todas as coisas vivas como um território seu. Todas as manhãs ela chorava. O mundo dormir, com exceção de poucos carros. E ela debulhava pequenos grãos de lágrima, emocionados pelo calor.
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