09:07 | Author: P
não digo que foi repentino, porque simplesmente foi. aconteceu. os ponteiros do relógio não pararam, enlouqueceram. a eternidade sentou-se no banco que estava no centro do vazio que há em mim, onde nem eu mesmo existo.

e foi ali que vi o grande relógio sem ponteiros nem números: um grande círculo sem centro, sem bordas, invisível e multicolorido. suas horas eram todas as direções e todos os caminhos. elas eram constituidas de metal pedra madeira água fogo e carne. uma grande carroça que navegava através de velas de chamas por caminhos não traçados e invisíveis do espaço infinito.

pássaros cegos me saudaram, sacudindo a cabeça e invadiram meus olhos. e toda a natureza perfurou meu peito como um punhal. não, não existe tempo. não existe igualmente o espaço. tampouco existe 'eu' ou existe 'você'. eu sou você, hoje e ontem por todos os momentos que hão de vir. estamos tão unidos, nós. um ser. duas águas misturadas que não pode mais se distinguir uma da outra.

não existe maior libertação que a de com tudo estar preso, conectado. eu sou um sonho que tive: árvore-espírito-de-carne.
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4 comentários:

On 8 de setembro de 2009 às 17:44 , M. disse...

Acrola ou maracujá?

 
On 9 de setembro de 2009 às 16:36 , moça disse...

o tempo não existe quando nos deixamos ser todos, como uma água?!

gostei dessa parte:
"duas águas misturadas que não pode mais se distinguir uma da outra."

 
On 13 de setembro de 2009 às 12:03 , P disse...

pura lombra torta
quase um dadaísmo planejado
=)

 
On 9 de novembro de 2009 às 17:05 , restos: disse...

é de lombras tortas que se faz um caminho cheio de curvas e atalhos essenciais.