Ciclos... Estações, menarca, paridura, o tempo dando cambalhotas na tênue existência de nossa memória.
O fim e o começo misturando-se, atracados sem distinção, não há ponta, nem o primeiro passo. Só o que há é continuação. Talvez por isso a finitude não faça sentido.
Mas a finitude existe, tudo aponta pro fim, arqueja cumprir uma função e morrer.
O ano morre também, nós decidimos assim.
Que estranho, o tempo é uma roda gigante.
"Ela partiu...
Partiu... E nunca mais voltou...
(Não voltou, não)...
Ela partiu..."
Tim Maia gritava, enlouquecido. Ela sacodia o cigarro em punho, fazendo caretas como se a voz, grave e potente, lhe pertencesse.
Quanto desalinho e as plantas continuam a crescer, apesar do silêncio.
Partiu... E nunca mais voltou...
(Não voltou, não)...
Ela partiu..."
Tim Maia gritava, enlouquecido. Ela sacodia o cigarro em punho, fazendo caretas como se a voz, grave e potente, lhe pertencesse.
Quanto desalinho e as plantas continuam a crescer, apesar do silêncio.
Ela partiu de uma solidão torpe para os braços gentis das identificações. Solidificou-se, quase atenta aos movimentos circulares do afeto.
É Natal! É Natal!
Ela pensando em sexo.
É Natal!
Ela pensando em morte.
É Natal!
Ela pensando em filhos.
É Natal!
Ela pensando... E ainda é Natal...
Qualquer coisa que se faça, qualquer coisa que se sinta, que se pense, que se coma, que se vomite, que se entristeça... Será sempre... Enfim, o famigerado Natal.
Nunca entendeu o sentido da vida que nos foi dado por aquele que morreu (por nós?). Deus nos fez um favor, crucificando seu único filho. Agora estamos salvos da ira divina.
Estamos salvos! É Natal!
O sangue ainda ardia.