06:27 | Author: M.
Tudo tão calmo, nenhum som. Não há crianças, nem animais, não há música, não percebo rajadas de vento, não percebo nada além do meu desalento. A grama toma conta da perspectiva, as plantas, plácidas espalham-se pela visão também silenciosas, observando os segredos e os medos alheios.
Meu corpo se contorcendo sem explicação. Sem dor, só desamparo. Por que estou aqui, portanto? Para doar o que não tenho, para arder o que me gela os dedos.
Tudo tão virgem, tudo tão correto, tanto impulso de quebrar, de romper...
Eu não consigo, não posso viver com a perfeição, há sempre algo que precisa feder, que precisa roubar, que eu preciso extirpar, há sempre uma dor pra encontrar.
Vou largar a poesia, mas ela não me larga, ela me acompanha quando eu sonho, quando eu ponho à mesa toda a minha agonia.
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