09:55 | Author: P

Edson viu toda a cena acontecendo incontáveis vezes durante a noite por mais que abstraísse seus pensamentos e acreditasse que não estava pensando nisso. Sabia que não poderia prever o que ia se suceder no momento seguinte e isso o fortalecia de certa forma. O mundo estava aberto (e talvez por seja por conta disso mesmo), tudo era tão absurdo que ele simplesmente não poderia saber se suportaria, se caberia dentro dessa imensidão que se abria. Um abismo que se abria, um abismo perfeito para o sumiço de toda forma de pensar. O estar longe de tudo e todos, mas ao mesmo tempo tão próximo, tão ele mesmo.

Beijou Alfredo-cor-de-cereja e cheirou sua mulher ainda vestida parcialmente com o vestido que lha realçava as curvas. Um momento de êxtase, uma sensação e um sentimento indescritíveis se instalaram nos três corpos deitados na cama.

Os lençóis eram de um verde aveludado.

Os corpos trocavam carícias, mundando de posição. Momentos dourados. Corações disparados. Dois homens e uma mulher. Três pessoas. Três corpos. Três...

Alfredo lembrou-se de suas palavras. Ela havia perguntado “Não tem vergonha?” e ele respondera “Nenhuma...”. Se sentia confuso com a entrada inesperada de Edson. O que estava acontecendo? “O que está acontecendo?” Não sabia direito o que sentia: se vergonha, ciúmes, gozo, transe, felicidade, desespero, medo...tudo se confundia, se misturava e se separava abruptamente. Via e sentia a satisfação dos corpos, inclusive do seu em estar ali naquele momento.

“O que está acontecendo?” como se sentisse todo peso do mundo lhe castigando por não saber colocar em palavras, estruturar bem tudo aquilo que lhe preenchia agora, sentiu-se angustiado. “O que está acontecendo?” Era tudo que conseguia por em palavras.

Ela o beijou, depois ele. E seu corpo começou a ser devorado, sentia-se fisgado em cada parte de seu ser. Aquilo estava atrapalhando seus pensamentos, confundindo-o. “Não consigo pensar”, ele pensou. De que adiantaria pensar em qualquer coisa? E deixou-se levar, deixou-se traçar nos lençóis de seu amigo de cartas.

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2 comentários:

On 12 de julho de 2007 às 17:10 , t disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
On 12 de julho de 2007 às 17:31 , Anônimo disse...

no úlitmo
imaginei o 3
t-p-m .
mais só imaginei (viu?)
(haeiuhaeiuhuea)
vocês são ótimos !

vou voltar .

.ivna.