10:20 | Author: M.
Não sabia que horas eram exatamente e pouco entendia por que isso a incomodava
tanto. Não era a primeira insônia, a primeira madrugada. A verdade é que seria completamente
incomum se ela fosse dormir cedo e em paz, além do mais, o dia seguinte era só o dia
seguinte e ela sabia que acordaria com seu usual mau humor de quem dormiu nada ou quase
nada, passaria um café bem forte e faria questão de o tomar quase amargo, acompanhado de um cigarro e do silêncio que se instalava na casa juntamente com o sol da manhã. Levantou se
tomada por um aguneio que não podia compreender. Olhou o relógio da cozinha. 2:30 da manhã. "Merda." No momento em que se distraia com o gato que se distraia com qualquer outra coisa,
O telefone, histérico, a tirou do transe vazio.
- Alô - fingiu voz de sono.
- Estava dormindo, meu bem?!
- Não exatamente. Aconteceu alguma coisa?
- Não, não... Só queria te dizer que fiquei sabendo. - o fato de aparentemente não haverem
maiores problemas a deixou irritada. "Como alguém tem a audácia de ligar pra casa dela
naquela hora? Mesmo sabendo que ela estaria acordada... É bom ouvir voz humana, de qualquer forma."
- Sabendo de quê?
- De tudo. Você me traia, ele mesmo me contou.
- ...
- Não estou com raiva, mas não entendo. Por que fez isso? Eu te amava.
- Acha mesmo que ainda vale a pena discutir isso? Quero dizer... Nós nem estamos mais juntos
e...
- Você sabe que eu ainda te amo! - exaltou-se.
- Não sei o que dizer...
- Ok.Façamos assim, abra a porta, estamos aqui fora, eu e seu amante.
De fato, o que dizer numa situação dessas? Ela se sentia tonta, como a tivessem
espancado no rosto. Levemente largou o telefone no gancho e sem conseguir formular nenhuma
idéia firme, foi abrindo a porta. Ele avançou casa adentro, como se tivesse a força do ódio. Logo atrás dele, em silêncio criminoso, o amante.
- Agora, meu bem, eu quero, eu preciso ver!
- ? - o outro ainda calado, isso a irritava.
- Trepem! Agora! Eu preciso ver! Quero saber como é o teu gosto na boca de outro! Antes mesmo que ela protestasse, o amante, obediente, aproximou se e tomando a com firmeza fez com que a idéia de se desvencilhar parecesse impossível.Comeram se na sala, os dois. Criminosos, traidores. Espetáculo.
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3 comentários:

On 13 de julho de 2007 às 10:25 , M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
On 13 de julho de 2007 às 10:25 , M. disse...

Pela sexta feira 13.

 
On 13 de julho de 2007 às 14:24 , I. disse...

que coisa mais imoral!